Jamais serei como as folhas secas que caem mortas no chão... Voarei por entre os ciprestes e chegarei a um lugar onde talvez ninguém me encontre, não importa. Recuso-me permanecer no ponto de partida; prefiro a solidão à mesmice.

quinta-feira, setembro 01, 2011

Manuela




Eu estava longe de ser um habitué, um fã de cafés e brioches. Jamais me interessei pelos confeitos elaborados ou creme das taças fumegantes de leite com chocolate. E de repente me vi impelido a freqüentar aquele bar diariamente. Minha obsessão por aquela mulher chegara a níveis escandalosos, inaceitável à minha mente abominavelmente racional. Meu corpo não conhecia mais limites, eu não respeitava horários nem sentia mais a aspereza dos fios duros da barba que tomavam conta da minha face debilitada. Enfiei a mão no bolso do meu casaco enxofrado e tirei dali um amarrotado e velho maço de cigarros. Traguei a inebriante mistura de tabaco e alcatrão, sem filtro, como fazia nos tempos em que aquelas baforadas me davam prazer. O que restara de mim era tão cinza e vaporoso como a fumaça que saía de minha boca e da xícara que eu havia pedido. Um prosaico café, negro e amargo, trivialmente aborrecido, até a triunfal entrada de Manuela.