Quanto me queres?
Me queres tua?
Não esperes, senhor.
Me queres perdida?
Não creias, senhor.
Me queres enamorada?
Me queres enternecida?
Porquê queres tudo e não queres nada?
Roubando-me a mocidade já perdida
Sugando-me a razão,
Sem me contar a verdade sobre a tua vida tacanha
Teus erros infames...
E me transportas a esse vão
Onde o teu desejo doentio me desarma, me domina
Me deixa sob as tuas mãos tortuosas
Portando-me à loucura e ao martírio
Penetrando-me com teu perfume prosaico
Violentando-me com tuas palavras atrozes e lascivas
Tão submissa
Gozando e odiando aquele átimo de intimidade
Alimento dos meus dias.
E mesmo abominando a tua pérfida presença
Não posso dizer que não te amo.
Quanto me queres?
Um comentário:
Belo poema, expressas de alguma forma nossa alma submissa.
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